terça-feira, 18 de outubro de 2011

Primeiro post com conteúdo cristão: Você, crente, pode – e deve – ser um mártir. Por que nos esquecemos da bendita idéia do martírio?

  Os donatistas, membros de uma seita cristã do norte da África, eram tão obcecados com a idéia do martírio que abordavam estranhos pedindo-lhes que os matassem. Como os estranhos eram ameaçados de morte se não concordassem, o martírio era bem fácil para os donatistas.
  Uns dezesseis séculos já se passaram e agora talvez não haja cristão nesse mundo que simpatize com a idéia do martírio (o que é que dezesseis séculos não fazem!). Bem, eu acredito que, se Jesus não estimulou diretamente a prática do martírio, com certeza os seus ensinamentos trazem uma ideia que se aproxima bastante disto.
  Não é que Jesus tenha ensinado a amarmos o nosso semelhante sem esperar nada em troca. Confúcio e o rabino Hillel é que fizeram isso. Cristo foi muito mais longe: disse que deveríamos amar os nossos inimigos! Argumentou ele: “Se vocês só amarem os que lhes amam, qual é o prêmio que merecem? Ora, grande coisa! Até os deputados fazem isso!” (Mateus 5.46, paráfrase)
  Aguentar que lhe plantem a mão nos beiços talvez seja fácil – difícil é esperar pela segunda bofetada. Entregar seu celular ao assaltante é fácil – difícil é dizer “amigo, tenho algo aqui que vale mais!”, e deixar que ele leve também a sua bíblia. Acompanhar aquela sua tia resmungona até a casa dela é fácil – difícil é andar a segunda milha com aquele que lhe agride (vide ilustração).



  Sofrer pela fé é visto como algo nobre em diversas religiões, mas sofrer pelo inimigo – certamente a versão mais louca do martírio – é algo bem típico da religião de Cristo. Uma ideia tão pouco lucrativa que ninguém levaria a sério se Ele mesmo não tivesse se doado como exemplo: porque Ele nos amou quando ainda éramos inimigos.

  Que nós possamos enxergar o quanto estamos distantes da religião de Cristo e que paremos de reclamar quando sofremos por nós mesmos ou por aqueles que amamos – pois tínhamos que nos ocupar é de sofrer por nossos inimigos!

5 comentários:

  1. Não sei se no ato de eu ser roubado disser ao meu nobre e amissísimo inimigo que tenho outro celular mais caro é um ato de amor? Mas se eu chamo o ronda pra pegar o meu amississimo inimigo eu não estaria sem amoroso? è preciso deliberar pois a resposta parece ser subjetiva

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  2. Sim, há subjetividade no caso. Acredito que para decidir entre chamar o Ronda e entregar o outro celular é preciso escolher entre a justiça e a misericórdia. Qualquer uma das duas serve.
    Ah, e não vou mais responder seus comentários a menos que você se inscreva como seguidor do blog. Já é a quarta vez que eu lhe peço.

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  3. Há muito não andadva por aqui...rs...estou bem atrasada.
    Acredito que é um sacrifício deixar o egoísmo de lado e fazer o que é justo, certo. Isso inclui muita coisa. Negar a si mesmo, como Jesus convida aqueles que O seguem é um sacrifício. Já o martírio, a meu ver, é uma consequência da fé, em não querer negar o nome de Cristo.
    Quanto ao exemplo do ladrão, eu não só não daria outra coisa de maior valor, mas eu daria uma grande surra nele se tivesse oportunidade. Não acho que seria um exemplo de amor ao inimigo. O amor não se regozija com a injustiça. Além do mais, em Êxodo tenho respaldo bíblico até para matar um ladrão que entre em minha casa (22:2).

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  4. Hum... polêmica, gosto disso.
    Bem, eu acho que uma demonstração tão escandalosa de piedade como entregar sua bíblia ao ladrão poderia promover uma transformação nele. Creio que estaria imitando a Cristo, que fez questão de almoçar na casa daquele safado do Zaqueu e acabou mudando a sua vida!
    Ah, e o Êxodo nos dá respaldo para apedrejar um gay até a morte!!
    Pra mim, o que Jesus trouxe de diferente ao mundo foi exatamente o ensinamento de reter as pedras quando elas seriam justas. Em outros termos: fazer o bem a quem nos faz mal!

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  5. Uau. Essa é uma discussão que geralmente permite múltiplos posicionamentos. Apesar disso, acho que pouco discordariam do último parágrafo de seu texto. Gosto muito de aplicações e acho que a sua foi bem pertinente para todos nós.

    Muitos ainda estão bem distantes de viver o amor de Cristo através de atitudes, não somente de palavras [inclusive eu..]. Acredito que quanto mais focarmos a vida do Senhor Jesus Cristo, mais saberemos ou poderemos agir corretamente nas horas certas. Talvez, se nos aproximarmos incondicionalmente do Mestre dos mestres, poderemos sentir seu amor nos inundando e transbordando aos outros que nos cercam, amigos ou inimigos.

    Por enquanto, pratico Muay Thai e leio a Bíblia. Talvez em algum momento ruim, que espero nunca acontecer, eu precise abdicar de minha passividade em prol de um bem maior, como, por exemplo, assegurar a vida de minha família. Por outro lado, pode ser que me seja necessário não somente entregar minha Bíblia, mas também minha própria vida. Quero estar pronto pra poder agir em ambos os casos..

    O link abaixo é de um blog em que uma discussão semelhante foi bem mais a fundo. Compartilho pra vocês conhecerem outras posições interessantes. Atenção, principalmente, para os comentários:

    http://normabraga.blogspot.com/2011/04/o-oportunismo-dos-que-mandam-no-pais.html

    Boas blogadas a todos os calebantes!

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