Um
dos meus desenhos animados preferidos é Futurama, criado pelos produtores de Os
Simpsons e ambientado no ano 3000, quando pessoas comem lasers e cérebros autônomos
saltitam felizes pelas ruas. Quase todos os episódios são muito divertidos e
contêm piadas orientadas ao público geek.
Pois
bem. Um dos episódios é uma estória de Natal (e as pessoas não o chamam mais de
Christmas e sim de X’mas - você percebe a sutileza?). A certa altura, o protagonista Fry, que nasceu no
século XX e ficou congelado por mil anos até ser reanimado, é aconselhado a não
sair de casa, pois Papai Noel está à solta. Explica-se: em 2801, uma empresa
havia criado um robô para julgar os humanos como bonzinhos ou malvados e
distribuir presentes de acordo com seus méritos. Mas algo saiu errado: nenhum
dos humanos é exatamente bonzinho, e o presente que Papai Noel dá a eles é
invariavelmente decepar suas cabeças e enfiar em seus pescoços presentes
bizarros de Natal.
Com
esse adorável enredo não muito politicamente correto, os escritores do episódio
tocaram num ponto-chave da fé cristã. De acordo com o Cristianismo, ninguém é tão bom quanto deveria ser, e se
recebemos outra coisa que não julgamento, é só porque ganhamos um excelente
presente de Natal.
Falando
em Natal, aqui vai o meu presente pra você: algumas linhas de substância para
que você pare de dizer aquela bobagem de que todas as religiões dizem basicamente
a mesma coisa. Não dizem. Bem, é verdade que todas elas concordam em pelo menos
um assunto:
Há algo de errado
conosco humanos. Não somos tão bons quanto deveríamos.
Mas a partir deste ponto a
religião de Cristo diverge colossalmente das outras. Se você for adepto do
mormonismo, do islamismo ou da religião-que-castra-meninas-da-Somália, terá um ideal
de Bem e acreditará que será recompensado de acordo com seus atos. Você sabe
que faz coisas más, mas também sabe que pratica boas ações e espera que de
alguma forma, ao se guiar pela sua religião, uma coisa acabe compensando a
outra. É tudo uma espécie de barganha moral, uma crença do tipo Papai-Noel: se
comporte direitinho, pratique mais coisas boas do que coisas más, que no final
aquilo contrabalança isto e você é bem recompensado.
Pois o Cristianismo insiste em que uma boa ação
não compensa uma má ação mais do que uma esmola anula um crime.
Enquanto
Buda e Maomé rogavam a todos que não se esquecessem de seus ensinamentos, Jesus
dizia que não há ensinamento no mundo que possa anular um pecado. Ele apontou
para si mesmo, e não para os seus ensinamentos, como meio de salvação. É por
isso que o Cristianismo é indissociável da pessoa de Cristo de um modo que nenhuma
grande religião jamais será (e é por isso, se querem saber, que vejo todo o
sentido em comemorar o seu nascimento).
No Cristianismo,
não somos salvos graças ao que fazemos, e sim apesar do
que fazemos. Claro que ficamos agradecidos pelo favor recebido e somos
então convocados a fazer o Bem para agradar a Deus. Isso muda completamente a
forma com que fazemos nossas escolhas, e então somos salvos do que fazemos.
Que deste dia você possa selecionar alguns minutos
para fazer algo que nunca faz:
refletir sobre obras boas, obras más, Papai Noel, Jesus Cristo e sobre como é
que vai estar a sua situação se você tiver mesmo aquela coisinha que chamam de
alma.
No mais, um
excelente Natal pra você!!!
Não sou super-fã do seriado Futurama, mas lembro que achei o episódio que fizeram da série Star Trek tão engraçado, que o assisti umas 3 vezes seguidas, e rindo muito!
ResponderExcluirSeu blog é bem legal, e pelo pouco que vi, você é mais cientista do que eu ;-)
Vou ler os outros posts. Se quiser, me procure e me adicione no Facebook.
God bless.