Nunca tinha visto tantos
crentes comentando de forma tão positiva as palavras de um padre
como quando aquele sacerdote católico que vocês viram no Youtube
teve a “ousadia” de dizer que homossexualismo é pecado e os gays
vão todos pro inferno. Um amigo meu postou no Facebook o vídeo e alguém
comentou: “Meu Deus! Um padre convertido!”
Vejam só: a
comentarista deduziu que o padre podia ser considerado evangélico só
porque ele disse que os gays vão para o inferno. É que nós evangélicos
somos frequentemente mais conhecidos pela nossa homofobia (e já eu
explico porque estou usando esse termo) do que por um discurso claro do Evangelho, e isso é muito ruim. É ruim para nós e é pior
ainda para o Evangelho.
Deixe-me dar um exemplo
para ilustrar meu ponto: Agenor, caso real mas nome fictício, se
sente muito à vontade para falar mal dos gays na frente de sua
família evangélica. Agenor não é crente, mas acredita que
descobrindo um “inimigo em comum” pode ganhar alguma aprovação entre os evangélicos. Sabe-se que Agenor tem uma vida sexual
agitadíssima; conta-se que usa drogas leves. E Agenor se sente
perfeitamente apto para julgar e condenar os homossexuais, dizendo
que tem nojo deles e entende a ordenança levítica do apedrejamento.
Tendo convivido
bastante com evangélicos, Agenor deveria saber que perante Deus não
está numa posição melhor do que qualquer bicha louca. Se ele ainda
não entendeu isso, é porque os crentes que conhece estão
falhando miseravelmente na missão de pregar o Evangelho a ele, se é
que já tentaram.
Recapitulando: o
Evangelho diz que todos – todos! - carecemos da glória de Deus.
Temos uma dívida para com Ele. Também diz, e nisso é compatível
com o senso comum, que os nossos méritos não anulam os nossos
pecados, do mesmo modo que uma boa ação não pode compensar um
crime. Ainda que tenhamos um estoque infinito de heterossexualidade, nós precisamos
de perdão. Entendeu, Agenor?
A homofobia de nós
evangélicos consiste em que não tratamos os gays como a
todos os outros pecadores. Para nós eles constituem uma espécie à
parte de pecadores. Nós fazemos toda a questão de dizer por aí que
homossexualismo é pecado, é pecado, é pecado, e nenhuma de dizer
que maledicência também é. Se um padre falasse contra a
maledicência, ou a ira, ou a falta de perdão, nós não
compartilharíamos no Facebook e não o confundiríamos com um
evangélico.
Outro dia recebi um
folheto de uma igreja batista que resolveu evangelizar com um
versículo ruim: 1 Coríntios 6.10, que é uma pequeno rol de quem
não entra no reino dos céus. Esse versículo é ruim para a
Evangelização porque pode dar a impressão de que quem não se
enquadra na lista negra está muito bem, obrigado. Acontece que a lista não é exaustiva e muita
gente não se encontra em nenhuma daquelas categorias mas ainda assim está
perdida. Toda pessoa (eu, você, Agenor e Padre Augusto) carece da glória de Deus e se não for
graciosamente perdoada, estará separada dEle no outro mundo. Essa é a mensagem clara do Evangelho, que a Igreja insiste em obscurecer com sua mania de atormentar mais os pecadores que julga piores.
Interessante o seu texto, Calebante, rsrsrs!
ResponderExcluirAchei válida sua observação do seja 'homofobia' no seu ponto de vista. Muitas vezes nos empenhamos mesmo em determinados erros em detrimentos de outros, isso não é bom.
Por outro lado, certa vez na faculdade, eu disse assim: "Se para você ser homofóbico é ser contra o homossexualismo e sua naturalidade na sociedade, então eu sou homofóbica, rsrsrs", seria outro ponto de vista, é preciso saber conhecê-lo também.
Cheguei a ser entrevistada sobre o homossexualismo (o entrevistador era um homossexual), e acho que o momento foi propício para esclarecer ao grupo entrevistador que há alguns cristãos (como eu) que não condenam SÓ o homossexualismo mas todo e qualquer pecado expressamente claro nas Sagradas Escrituras.
No seu texto só discordo que 1 Coríntios 6.10 tenha sido um versículo "ruim" para evangelização. Lembre-se que quando Filipe foi evangelizar o Eunuco, ele não escolheu por onde começar, mas ele pregou o Evangelho dentro do texto que o Eunuco estava lendo na hora. Talvez o folheto que vc recebeu tenha sido infeliz na explicação do texto, mas o texto foi bem escolhido como qualquer outra passagem da Escritura teria sido.
Em Cristo,
Anninha
P.s: A entrevista que citei está nesse link: http://anninhabarros.wordpress.com/2010/03/20/entrevista-sobre-homossexualismo/